sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Por onde anda "Nossa Educação"?


O relatório "Educação para todos", da Unesco (2010), apresenta o Brasil na 88ª posição no ranking de desenvolvimento educacional, estando atrás dos países mais pobres da América Latina, como o Paraguai, o Equador e a Bolívia. Outro dado alarmante divulgado no referido relatório é a repetência média que na América Latina e no Caribe é de pouco mais de 4%, enquanto no Brasil é de quase 19%. E segundo dados do Ministério da Educação, cerca de 195.000 crianças e jovens abandonam as escolas brasileiras anualmente, por terem déficits de aprendizagem (MEC/2007). 

Imagem meramente ilustrativa
As estatísticas mundiais sobre o impacto dos transtornos causados pelas dificuldades de aprendizagem no desajuste na vida social são bastante preocupantes e o prognóstico do seu desconhecimento por parte de educadores e autoridades é extremamente negativo. Dados fornecidos pela Associação Brasileira de Dislexia e Associação Brasileira do Déficit de Atenção mostram que:

• Apenas 10% das crianças com dificuldades de aprendizagem atingem escolaridade média; 46% dessas crianças são diagnosticadas com ansiedade, comprometendo grande parte da educação fundamental; 

• O risco de abuso de álcool por quem fracassa na escola é 3 a 6 vezes maior do que para outros indivíduos;

• Pessoas com baixa escolaridade sofrem uma freqüência significativamente mais alta de intoxicações acidentais, queimaduras, quedas, desemprego e divórcio; 

• Crianças que abandonam a escola têm até 40% mais probabilidade de usarem drogas ilícitas na adolescência.

Outro fator que interfere negativamente no sucesso da aprendizagem é a visão. Dados da Organização Mundial de Saúde, apresentados pela oftalmologista Dra. Elizabeth Brant em fevereiro de 2007 e referendados em 2009, pelo Projeto Olhar Brasil (Ministério da Saúde/Ministério da Educação), falam por si: 30% das crianças em idade escolar apresentam problemas de refração.

Estima-se que 30 a 60% dos alunos com baixo rendimento acadêmico não fracassam na escola por causa do seu “mau comportamento” ou simplesmente porque se empenham pouco nos estudos, como se pensa. Estas são pessoas cujas habilidades sociais e cujo desempenho escolar são afetados pela falta de estímulos na infância, pela alimentação inadequada ou em decorrência de síndromes hereditárias e disfunções cerebrais, que resultam, por exemplo, em transtorno do déficit de atenção e/ou dislexia.

A evasão escolar e o mau desempenho individual em atividades laborais, com suas consequentes limitações na qualidade de vida e dificuldade de inclusão no mercado de trabalho, acarretam prejuízos não somente na vida do indivíduo com déficits de aprendizagem, mas prejudicam também as famílias dos mesmos, bem como o desenvolvimento do país, já que haverá mais gastos com saúde pública, desemprego e marginalidade. Portanto, é de grande relevância encontrar um modo de intervenção eficaz para essas crianças, visando não apenas sua qualidade de vida, mas também a redução dos gastos em instituições de apoio ao menor infrator e até mesmo nos presídios, já que a sintomatologia permanece por toda a vida e pode agravar se não tratada, gerando comportamentos agressivos e inabilidade social.

Diante de estatísticas tão alarmantes, devemos nos preocupar em traçar estratégias para primeiramente identificarmos precocemente os indivíduos portadores de algum déficit, transtorno ou distúrbio de aprendizagem, seja em salas de aula ou consultórios, e assim intervirmos ou encaminharmos para os profissionais capacitados, conferindo-lhes maiores chances de um futuro promissor.

É justamente esta a proposta do Projeto Bom Começo – Programa da Acompanhamento da Criança na Escola que, através de metodologia e tecnologia, permite a realização dos exames de triagem, tanto na entrada da escola, quanto em acompanhamento anual. Em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, a Fundação Hospital de Olhos (FHO) realiza, em um primeiro momento, a capacitação dos profissionais envolvidos (professores, gestores e profissionais da saúde). Posteriormente, são então realizados os exames de triagem visual, auditiva e de leitura, sendo os resultados enviados diretamente para o banco de dados centralizado. A partir da informação compilada, é possível emitir relatórios e traçar pesquisas e estatísticas, que servirão tanto para gestores públicos quanto privados, na orientação de suas políticas.

Dentro desta proposta, entre os dias 3 e 8 de maio, cerca de 980 professores e gestores educacionais do município de Montes Claros, MG foram capacitados por meio da metodologia do Projeto Bom Começo, através da parceria com a prefeitura local, a Associação de Promoção e Ação Social (APAS) e a Fundação Hospital de Olhos. Deste contingente, 800 professores e educadores passaram por um Seminário para identificação de crianças com distúrbios de aprendizagem ligados à visão, dentro das salas de aula. Concomitantemente, outros 180 profissionais, como pedagogos, psicólogos, oftalmologistas e professores, participaram do Curso de Dislexia de Leitura, somando-se a rede de screeners da FHO, que está presente em 18 estados brasileiros, com mais de 800 membros aptos a trabalharem com crianças e adultos que apresentam a Síndrome de Irlen, um dos distúrbios de aprendizagem ligados à visão.

Como bem diz o Prof. Marcos Pinotti (LAPAN e UFMG), o Brasil não pode se dar ao luxo de perder uma criança por descuidos na educação ou saúde. Precisamos de todas elas no futuro. Desta forma, o Projeto Bom Começo foi desenvolvido com as percepções do Prof. Pinotti, visando modificar a realidade de milhares de crianças e adolescentes, que hoje encontram-se a par do sistema educacional, mesmo, muitas vezes, dentro das salas de aula.


Marina Roberta Vieira Nogueira
Fisioterapeuta, Screener e Pesquisadora – Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
www.holhos.com.br

sábado, 19 de novembro de 2011

O cemitério de Praga

O genial escritor italiano Umberto Eco traz ao mercado editorial seu novo lançamento, O Cemitério de Praga, que será publicado no Brasil pela editora Record. Nesta obra o autor mescla os ingredientes mais improváveis para compor um enredo que combina bom-humor, momentos de meditação e os vastos conhecimentos que caracterizam este pensador.
No cenário parisiense, em março de 1897, desenrola-se uma trama que também percorre os territórios de Turim e Palermo. Nestas paisagens circulam uma adepta do satanismo emocionalmente perturbada, um prior que já faleceu duas vezes, alguns corpos jogados no esgoto de Paris, Ippolito Nievo, um seguidor de Garibaldi, levado pelas águas do oceano perto do Stromboli, o falso documento que incriminaria o oficial francês Alfred Dreyfus como espião da embaixada alemã na Cidade Luz, a divulgação dos inverídicos Protocolos dos Sábios de Sião, fonte de inspiração de Hitler na criação dos campos de concentração.
O leitor também encontra nestas páginas intrigas que contrapõem jesuítas e maçons, a sociedade secreta dos carbonários e seguidores de Giuseppe Mazzini, filósofo e político italiano, os quais assassinavam padres estrangulando-os com suas próprias tripas, a figura de um Garibaldi com artrite nas pernas oblíquas, projetos elaborados por agentes secretos piemonteses, franceses, prussianos e russos, a carnificina provocada pela Comuna de Paris, quando as pessoas se alimentavam de ratazanas ou eram apunhaladas.
Nesta época eram comuns as terríveis assembleias de bandidos, os quais consumiam absinto enquanto planejavam motins públicos. Desfilam igualmente pelo livro homens com barbas postiças, tabeliões de mentira, falsos testamentos, fraternidades malignas e missas negras.
Nesta narrativa eletrizante e inteligente qualquer coisa é possível, principalmente quando estão envolvidos serviços de inteligência, agentes que trabalham para os dois lados, militares infiéis e sacerdotes pecadores. Há um pouco de tudo nessa história, o que certamente vai satisfazer mesmo os leitores mais exigentes.
Há um pormenor decisivo neste livro: somente o protagonista é fictício; a fauna que circula pela obra de Eco existiu de verdade. Mas mesmo o personagem principal pode confundir o leitor, pois pratica atos reais, mas que foram, de fato, exercitados por outras pessoas. Desta forma, o autor revela que não se deve confiar nas aparências, pois nada é o que aparenta ser.
O escritor Umberto Eco nasceu em Alexandria, na Itália, no dia 5 de janeiro de 1932. Ele é também filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo de renome mundial. O autor ocupa como titular aposentado a cadeira de Semiótica da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha, na qual atua como diretor.
Ele escreveu como colaborador para inúmeros veículos da Academia e tem uma coluna fixa na revista L’Espresso. Entre suas obras destacam-se O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Umberto_Eco
http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_bordereau
http://www.525news.com.ar/pr/index.php?option=com_content&view=article&id=51:elogios-para-o-prazer-&catid=20:el-libro&Itemid=1&layout=default&change_css=red
http://discussaoemtornodeumlivro.blogspot.com/2011/03/o-cemiterio-de-praga-umberto-eco.html


Obs: Matéria retirado do site http://www.infoescola.com/livros/o-cemiterio-de-praga/